19/04/12

38 rosas

Não se percebia se era raiva ou frustração.
Era um desabafo.
Lágrimas que lhe caiam pela cara.
Uma inquietação no peito, uma angústia.
Porquê?
38 rosas num ramo, entregues a ela, que completava 38 anos de vida. Dos quais quase 20 haviam sido passados ao lado de uma homem que amou, que perdoou mas que agora não conseguia suportar.
Estava cansada. Cansada por ter lutado sozinha. Cansada porque os três filhos lhe consumiam todas as energias. Cansada porque achava que não se tinha casado para viver uma história comum, mas sim uma história de amor.
Mas essa fadiga sumiu por momentos, enquanto usou a réstia de forças para deitar ao lixo as flores que recebera. Porque já era tarde. Porque essas flores deviam ter chegado há muitos anos atrás, quando ainda havia espaço para reconstruir uma vida que, mesmo fragmentada, ainda se compunha. Porque agora sentia que não precisava de arrependimentos. Já era tarde para as rosas. Mas não é tarde para a vida. Porque ela continua, soma e segue dias e meses e anos. E ainda há muito para viver. Ainda há tanto para ser feliz.

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