10/08/10

Há um ano foi assim

A 10 de Agosto de 2009, na consulta perinatal das 41 semanas, fui surpreendida com a seguinte questão:
- Se a mãe estiver de acordo, fazemos o internamento hoje às 19h30 e iniciamos o  processo (provocar o parto) amanhã cerca das 9h00.
HOJE? HOJE? A médica disse mesmo HOJE???
- Alternativas? - perguntei eu, a ver se surgia alguma luz na minha cabeça.
- Podemos aguardar mais uns dias, para ver se nasce sem intervenções externas. Ou então agendar internamento para a próxima quinta feira.
Esperar, esperar, esperar...! Já estava cansada de esperar!
As minhas barrigas de gravidez fizeram-se sempre grandes. As pessoas diziam-me sempre "ui, esta/e não aguenta até ao fim. lá para as 38 semanas já cá está fora" com aquela sabedoria medico-popular.
E eu, fiando-me nessa conversa, sofria cada dia daquela espera. Um dia a seguir ao outro. Contracções ligeiras e... pouco mais.

Pois, ainda no Hospital, concordei com o Carlos que o melhor seria internar e acelerar um pouco o processo.
Resto do dia a orientar o que faltava - quase nada, diga-se de passagem.
Comprar um livro (que ainda hoje não acabei de ler),
Ir a casa da mãe receber os mimos e a força que precisava,
Jantar com o maridão e a filhota, debulhando-me em lágrimas inesperadas de quando em vez...
Corria-me pela cabeça uma série de pensamentos despropositados. Tinha medo de não os voltar a ver. Tinha medo de voltar para casa de braços vazios. Tinha medo de sofrer e fazê-los sofrer. Tinha medo.

20h00 - o internamento
A Lu sabia o que se ia passar. Explicamos-lhe várias vezes o processo, com as palavras mais simples que conseguimos encontrar. Antes de seguir para os quartos fui fazer uma ecografia e uma colheita de urina. Eles esperaram cá fora. Quando voltei a Lu sai-se com uma das dela: " mãe, ainda tens o mano na barriga... e tu disseste que ias lá para dentro para o mano nascer..."  Quando lhe disse que tinha ido só falar com os médicos, ela pediu para entrar e explicamos-lhe que só lá entravam senhoras grávidas. Ao que ela responde "assim, gordas, mãe? Como esta senhora (que ia a entrar no corredor)..." Hahahahhh
A seguir, despedidas e lá fui.

No dia seguinte CTG às 7 da manhã. Aí surge um pequeno sobressalto: deixaram de apanhar os batimentos cardíacos do baby. Grande susto, uma enfermeira menos experiente a pedir ajuda às mais experientes. Vieram duas a correr, uma de volta do aparelho, outra a por-me uma máscara de oxigénio e nenhuma me explicava o que se estava a passar. Começaram a  preparar tudo para eu descer para o bloco e quando finalmente pedi que alguém me explicasse o que se estava a passar disseram que por via das dúvidas, e apesar de já terem conseguido recuperar os batimentos dele eu ia para baixo porque se voltasse a acontecer elas não teriam os meios necessários e imediatos para intervir.
Pedi para falar com o Carlos, disseram que não havia tempo e que tinha que deixar tudo ali no armário, inclusive o telemóvel. Aí perdi a paciência e exigi que elas o informassem do que se estava a passar imediatamente ou então que me dessem 2 minutos  para eu lhe telefonar. Funcionou. Liguei-lhe e, claro, ele não ganhou para o susto: em menos de 15 minutos estava lá, depois de entregar a Lu à minha mãe e ir a voar para o hospital.

Dali em diante, tudo muito lento. Como nao voltou a acontecer nada que se justificasse ficar no bloco, mandaram-me para o quarto novamente.
10h00 - inicio do processo de indução.
Espera, espera, espera.
13h00 - visita do pai.
Como sempre, lá me ia arrancando sorrisos com a sua calma aparente e de repente, por volta das 14h começam as contracções. Uma a seguir à outra. Logo agora que acabava a visita...
Contracções: muitas. Dilatação: quase nada.
14h30 - Novo CTG
17h00 - contracções: mais que muitas.
Voltinhas e voltinhas no corredor, sozinha, até que o Carlos chegou para a hora da visita.
Voltinhas e voltinhas a dois. Para lá e para cá. A cada contracção, apertava-lhe a mão e quase que sentia os olhos a saltarem das órbitas...
Dilatação a começar.
18h00 - Descida para o bloco de partos.
19h30 - Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuitas contracções, muuuuuuuuuuuuuuitas dores... Muuuuuuuuuuuitos apertos e unhas cravadas na mão do Carlos.
19h50 - Carlos Sai para me aplicarem a epidural
19h55 - Epidural aplicada. Carlos volta a entrar.
19h59 - Nasce o JL. 3,740g, 52 cm e bons pulmões.

A reter:
» a epidural não serviu de nada, nem chegou a fazer efeito
» doeu muuuuuito! Mas valeu tanto a pena...

Sem comentários:

Enviar um comentário